O Significado dos Planetas na Astrologia Esotérica

Por Michael D. Robbins*

O Sol

Na astrologia esotérica, o efeito do signo solar é conhecido como “a potência do Sol da Probabilidade”. O signo zodiacal em que o Sol se encontra no nascimento indica a energia cujo uso constitui a linha de menor resistência da personalidade para um particular ciclo de vida. Para os indivíduos que ainda não estão conscientes (ou procurando tornarem-se conscientes) da influência do Eu Transpessoal, o Sol é considerado o ponto focal do mapa astrológico. Simbolicamente, o Sol representa tanto a vontade pessoal como a transpessoal — na maioria dos casos, a primeira.

Os aspectos planetários com o Sol oferecem considerável informação sobre o processo de integração da personalidade. Num sentido importante, o Sol representa o centro integrador, através do qual flui o poder que integra as várias facetas da personalidade em um todo unificado. Num nível superior, o Sol também é um símbolo do Anjo Solar, aquele radiante Ser solar Que infunde cada ser humano individual com luz, amor e poder transcendentes. A associação do Sol com o coração e do coração com a alma (o Eu Transpessoal) também é significativa. De alguma maneira misteriosa, o Sol também pode ser associado ao Eu essencial espiritual (a Mônada).

É dito que o Sol “vela” um planeta não descoberto de segundo raio. Como regente do signo de Leão, o Sol está ativo nos níveis ortodoxo, esotérico e hierárquico. Num nível esotérico, ele vela Netuno e, no nível hierárquico, o Sol vela Urano.

A Lua

Na astrologia esotérica, a Lua é literalmente um planeta morto, sem nenhuma emanação viva própria. O efeito sentido como vindo da Lua habitualmente vem dos planetas Vulcano, Netuno e Urano. O outro efeito da Lua surge da abominável influência de seu campo da personalidade decadente — análogo aos campos físico, emocional e mental do ser humano. Estes “veículos lunares” decadentes exercem um efeito inibidor e regressivo sobre os veículos da personalidade de cada indivíduo. De modo interessante, estes veículos da personalidade são chamados, na linguagem do esoterismo, “veículos lunares”.

Para o psicólogo esotérico, a Lua representa tudo o que é passado, subconsciente, automático, habitual, residual e inibidor do progresso. A Lua está particularmente associada ao corpo físico, que, no esoterismo, não é um “princípio”, e que, em muitos sentidos, é um obstáculo ou impedimento para o indivíduo interno. Assim, onde quer que a Lua se encontre (signo e casa), pode-se descobrir um campo de conflito em que a natureza espiritual do indivíduo deve competir com a mais inferior forma de matéria. Este conflito também se deve à associação da Lua com um planeta não descoberto e não sagrado de quarto raio — o planeta representando o “aspecto conflito” do Raio da Harmonia Através do Conflito.

A Lua, com sua incessante sucessão de fases, também representa um ritmo repetitivo que deve ser quebrado para se fazer progresso psicológico transformador. Num sentido mais positivo, as fases lunares podem ser correlacionadas com as fases cíclicas do processo de crescimento de todas as formas.

Quando a Lua atua como “véu”, obscurecendo ou abrandando a influência de um dos três planetas mencionados acima, ela serve para indicar a condição da forma (a personalidade, considerada no geral), isto é, a condição de tudo o que deve ser subjugado, controlado e infundido pelo Anjo Solar, que é simbolizado, em parte, pelo Sol. Quando o planeta velado é enfatizado, em vez da própria Lua, a questão não mais diz respeito à obstrução que a forma representa, mas como esta forma pode ser elevada e espiritualizada através da influência do planeta velado. Olha-se a posição da Lua para obter sinais sobre como a espiritualização do aspecto matéria da vida pode ser alcançada — a matéria tornada brilhante através de Vulcano, luminosa através de Netuno e eletricamente cintilante através de Urano.

A Lua (interpretada principalmente como uma influência de quarto raio) é o regente ortodoxo do signo de Câncer, o regente esotérico do signo de Virgem e o regente hierárquico do signo de Aquário.

O Ascendente

Embora o Ascendente não seja um planeta, é um poderoso “ponto sensível” zodiacal, formado pela intersecção do horizonte individual com a eclíptica. Na astrologia esotérica, o Ascendente é conhecido como o “Sol da Possibilidade”, indicando que é a energia que, quando usada devidamente, trará a vida pessoal a um alinhamento com a vontade do Eu Transpessoal, assim tornando a encarnação um sucesso espiritual. Enquanto o horóscopo do indivíduo comum, não aspirante, pode ser construído ao redor do signo solar (o que, muito provavelmente, significa construir e interpretar o mapa solar — com o Sol no Ascendente), o horóscopo do indivíduo que procura viver a vida transpessoal deve ser interpretado com referência ao Ascendente.

Do ponto de vista da psicologia esotérica, seguramente pode ser dito que o Ascendente é o ponto ou a influência mais importante no mapa astrológico. Com o raio da alma, ele confere ao psicólogo esotérico a mais iluminadora chave para o desígnio espiritual que o Eu Transpessoal tenciona realizar através da vida pessoal. Ao interpretar o mapa de um indivíduo inclinado espiritualmente, deve ser dada prioridade ao Ascendente, e todas as outras influências astrológicas devem ser consideradas subservientes à sua qualidade. Esta é uma grande tarefa, que requer grande compreensão e engenhosidade.

Vulcano

Na tradição esotérica, Vulcano é conhecido como um planeta real, embora não descoberto. Vulcano está estreitamente identificado com o Sol, a alma e o Eu Transpessoal. Vulcano, o mitológico “ferreiro dos deuses”, forja os elos entre o Eu Transpessoal e o eu inferior pessoal. Vulcano estabiliza, fortalece e confirma os canais de relação entre o Eu Transpessoal e a personalidade. Este planeta fortalece a vontade espiritual e representa o que pode ser chamado “o grampo da alma”. Vulcano está intimamente envolvido na espiritualização da matéria, polindo a matéria a um estado superior de brilho.

Existe uma série de efemérides para Vulcano, pretendendo dar a sua posição no mapa astrológico, mas a sua exatidão não foi confirmada. Geralmente, considera-se que Vulcano esteja a, no máximo, oito graus do Sol, e assim, freqüentemente, mas nem sempre, estará no mesmo signo que o Sol. Embora, Vulcano, atualmente, não possa ser localizado com exatidão no mapa, as suas qualidades podem ser compreendidas e aplicadas — especialmente no caso daqueles em quem o primeiro raio é forte e aqueles que nasceram em ou sob certos signos.

Vulcano, que atua como agente de distribuição do primeiro Raio da Vontade e Poder, está ativo nos signos de Touro, em que é o regente esotérico e hierárquico, e Virgem (no qual está “velado” pela Lua).

Mercúrio

Esotericamente, Mercúrio está associado com todos os processos de comunicação, transmissão nervosa e formação de pensamentos. Mercúrio está particularmente ligado aos processos intuitivos. Frequentemente chamado a “Estrela da Intuição” (assim como a “Estrela do Conflito”).

Mercúrio forma uma ponte entre o eu pessoal e o Eu Transpessoal. Ao procurar a maneira e o estilo de comunicação entre os campos transpessoal e pessoal, o psicólogo/astrólogo esotérico terá de consultar o status de Mercúrio no mapa astrológico. Ele é, por excelência, o planeta de ligação, exercendo uma influência de ponte (seja horizontal, vertical ou ambas) na vida de todo indivíduo.

Mercúrio, que atua como agente de distribuição do quarto Raio de Harmonia Através do Conflito, é o regente ortodoxo de Gêmeos e Virgem, o regente esotérico de Áries e o regente hierárquico de Escorpião.

Vênus

Esotericamente, Vênus está especialmente associado com a vida do Anjo Solar e a substância do veículo do Eu Transpessoal. Para discípulos e iniciados, Vênus relaciona-se a tudo aquilo que atravessou o fogo refinador da vida pessoal e que, consequentemente, é de valor quintessencial (lembremos a associação de Vênus com o número 5 e o quinto raio). Todos os valores extraídos da experiência pessoal, enquanto em encarnação, são armazenados no campo do Eu Transpessoal — chamado pelos psicólogos esotéricos o “corpo causal”.

No mapa astrológico, Vênus está relacionado às faculdades mentais e estéticas do Eu Transpessoal, que avaliam e extraem qualidade da vida inferior pessoal. Em certo sentido, Vênus representa o modo como a alma embeleza a vida inferior pessoal, assim como a beleza inerente à própria alma. A natureza superior de Vênus sempre exerce uma influência refinadora no indivíduo e conduz à fusão do Eu Transpessoal com o eu pessoal.

Vênus, que atua como agente de distribuição do quinto Raio do Conhecimento Concreto ou Ciência, é o regente ortodoxo de Libra e Touro, o regente esotérico de Gêmeos e o regente hierárquico de Capricórnio.

Marte

Marte não é um planeta sagrado, o que significa que ele é mais potente na esfera pessoal do que na transpessoal, e também mais representativo da primeira do que da segunda. Marte está particularmente associado com a natureza passional e com os centros do plexo solar e sacro no campo de força vital/etérica do ser humano.

Para o psicólogo/astrólogo esotérico, a posição de Marte no mapa astrológico indica o modo como a natureza emocional cega e rebelde tende a interferir na imposição da vontade do Eu Transpessoal. Marte pode atuar como uma força divisora na personalidade e no meio social, mas também pode indicar a força da aspiração pessoal pela vida transpessoal, desde que suas energias sejam subjugadas e dirigidas. Esotericamente, Marte representa um poder ígneo que pode impedir ou acelerar as intenções do Eu Transpessoal, à medida que este centro superior procura expressar-se através do eu inferior pessoal.

Marte, que atua como agente de distribuição do sexto Raio de Idealismo e Devoção, é o regente ortodoxo de Áries e Escorpião, o regente esotérico de Escorpião e o regente hierárquico de Sagitário.

Júpiter

Júpiter é um planeta muito associado com o crescimento da sabedoria e a expansão da consciência. Os psicólogos esotéricos estão sempre atentos aos meios de oferecer aos seus clientes possibilidades de crescimento, uma maior amplitude de compreensão e a oportunidade de uma vida mais plena.

A posição de Júpiter no mapa astrológico indica o método pelo qual o amplo alcance e visão do Eu Transpessoal pode gradualmente substituir a visão mais limitada do eu pessoal inferior. A influência de Júpiter expande o “alcance áurico” do indivíduo, por assim dizer, e promove o processo de fusão pessoal/transpessoal por meio do alargamento da perspectiva do indivíduo. Mais tarde, Júpiter promove a fusão o Eu Transpessoal com a Mônada. Esotericamente, Júpiter sempre promove fusão.

Júpiter, que atua como agente de distribuição do segundo Raio de Amor–Sabedoria, é o regente ortodoxo de Sagitário e Peixes, o regente esotérico de Aquário e o regente hierárquico de Virgem.

Saturno

Saturno é o planeta que indica um dos métodos mais importantes pelos quais o Eu Transpessoal testa o ajustamento do eu pessoal para uma maior recepção de influência transpessoal — o método da adversidade ou resistência. A Lei da Evolução demanda que a qualidade transpessoal seja expressa efetivamente e concretamente ao longo dos quatro campos inferiores pessoais.

A influência de Saturno ancora esta expressão; ela força cada indivíduo a tornar real, concretas e práticas todas as idéias e influências que emanam do reino transpessoal. A personalidade freqüentemente experimenta este processo de ancoragem como adversidade e resistência. Se, por exemplo, uma idéia inspiradora não tiver sido apropriadamente expressa na forma, a infusão continuada de mais energias dinâmicas e idéias inspiradoras apenas pode ser destrutiva. Saturno, portanto, ajuda (virtualmente força) o indivíduo a criar uma fundação sólida e estável de realização tangível pessoal, de modo que um novo acesso de influência transpessoal não seja desperdiçado. Saturno também é o agente da Lei sistêmica solar (aplicada através da vontade do Eu Transpessoal), forçando todos os indivíduos, finalmente, a se conformarem — manterem-se dentro dos limites divinamente determinados. Significativamente, Saturno está estreitamente associado à Lei de Economia.

Saturno, que atua como agente de distribuição do terceiro Raio da Inteligência Ativa e Adaptabilidade, é o regente tanto ortodoxo como esotérico de Capricórnio e o regente hierárquico de Libra.

Urano

Urano é o planeta que indica o poder do Eu Transpessoal de despedaçar estruturas confinantes na vida inferior pessoal. Sob a influência uraniana, semelhante a um relâmpago, o Eu Transpessoal pode reestruturar e transformar a vida pessoal de modo que se torne um verdadeiro refletor da qualidade transpessoal. O impacto das brilhantes idéias intuitivas da mente superior revela todas as coisas numa perspectiva surpreendentemente nova.

Por isto, Urano é o relâmpago que ilumina o futuro, e demanda que o indivíduo inicie e crie o novo. Onde quer que Urano se encontre no mapa astrológico, deve-se dar ao impulso renovador pleno domínio.

Urano, que atua como agente de distribuição do sétimo Raio da Ordem Cerimonial e Magia, é o regente ortodoxo de Aquário, o regente esotérico de Libra e o regente hierárquico de Áries.

Netuno

Para o psicólogo/astrólogo esotérico, Netuno é o meio pelo qual a compaixão divina e o amor universal entram na esfera inferior pessoal. No esoterismo, a intuição é algo diferente do que se poderia esperar. A intuição é a faculdade pela qual a consciência unitiva é alcançada — um estado de consciência bem compreendido pelos místicos de todas das épocas e tradições. A faculdade intuitiva é chamada “budi” e é uma faculdade que, em sua essência, encontra-se além do campo do Eu Transpessoal. É Netuno que permite a um indivíduo começar a coordenar o “veículo búdico”, ou campo de força intuitivo. Além disso, Netuno representa o estado de inclusividade que dissolve todas as delimitações arbitrárias criadas pelas faculdades mentais inferiores. É dito que a mente, em certo sentido, é a “assassina do real”. Netuno, sutilmente, assassina o assassino ao negar todas as distinções mentais arbitrárias. Na volta mais alta da espiral, há um sentido em que Netuno é o portador da beleza transcendente (representando, assim, a qualidade final na trindade do Bom, o Verdadeiro e o Belo). Netuno está associado às funções superiores da imaginação, através das quais o indivíduo pode colocar-se em sintonia com o reino transpessoal e penetrar suas belezas.

Netuno, que atua como agente de distribuição do sexto Raio do Idealismo e Devoção, não é o regente ortodoxo de nenhum signo, embora tenha uma regência especial em Peixes. Netuno é o regente esotérico e hierárquico de Câncer.

Plutão

Na astrologia esotérica, Plutão não é um planeta sagrado, e, portanto, está mais relacionado à esfera pessoal do que à transpessoal. No entanto, Plutão tem grande utilidade na execução das intenções do Eu Transpessoal, pois purga o eu inferior de todos os obstáculos à infusão pela alma. Plutão está muito associado ao poder da kundalini, residente (de acordo com o esoterismo) na base da coluna vertebral. Uma vez que Plutão tenha purgado os “reinos de Tártaro” — os resíduos subconscientes inferiores acumulados durante muitos ciclos de vida individual —, ele é útil na elevação das extraordinariamente poderosas energias inferiores do aspecto material da personalidade, de modo que elas se tornem totalmente disponíveis ao Eu Transpessoal.

Plutão traz morte a todas as antigas obstruções e elimina todos os venenos (físicos ou psíquicos) do sistema de energia humano. A posição de Plutão no mapa astrológico indica onde “mortes” (desapegos) e renascimentos drásticos podem ocorrer; onde a “hidra” pessoal pode ser encontrada e morta; e onde, conseqüentemente, o Eu Transpessoal pode encontrar o caminho limpo de todo “lixo” e entulho pessoal. Reenergizações e revitalizações incríveis podem ter lugar como resultado do trabalho de Plutão na personalidade.

Plutão, que atua como agente de distribuição do primeiro Raio da Vontade e do Poder, não é o regente ortodoxo de nenhum signo, mas tem uma relação especial com o signo de Escorpião. Plutão é o regente tanto esotérico como hierárquico de Peixes.

A Terra

A Terra raramente é levada em consideração nos cálculos astrológicos exotéricos e mundanos, mas tem uma importância central na vida de todos os seres terrestres. Por sermos habitantes da Terra, e intimamente parte de seu sistema vivo, é um tanto mais difícil avaliar a sua importância astrológica. Como Marte e Plutão, a Terra é um planeta não-sagrado e a sua influência, portanto, está mais relacionada ao eu pessoal do que ao Transpessoal.

No mapa astrológico, freqüentemente se lê a Terra como se ela se encontrasse em oposição ao Sol. É dito que o status do Sol no mapa indica a natureza e a condição da vitalidade do indivíduo; a Terra muito provavelmente está envolvida nesta indicação. A personalidade de terceiro raio da Terra está diretamente associada ao princípio da atividade, que, em si mesmo, é uma boa medição da vitalidade. Há, como sabemos pelo ocultismo, pelo menos duas grandes categorias de prana — uma mais associada ao Sol e outra à Terra. A Terra bem pode ser associada ao centro etérico esplênico, através do qual a vitalidade prânica é acumulada.

A condição do eixo Sol/Terra no mapa astrológico pode indicar a condição da vitalidade pessoal (e, especialmente, física) de um indivíduo. Esta é uma consideração importante, ao avaliar a facilidade ou dificuldade com que o Eu Transpessoal pode expressar-se através da personalidade. A vitalidade insuficiente, ou a vitalidade excessiva mal distribuída, pode impedir o intento transpessoal. A vitalidade abundante e bem regulada é um definido benefício ao cumprimento do desígnio arquetípico da alma.

A Terra, que atua como agente de distribuição do terceiro Raio da Inteligência Ativa e Adaptabilidade, é o regente esotérico de Sagitário e o regente hierárquico de Gêmeos. Ela não rege nenhuma constelação do ponto de vista ortodoxo.

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* ROBBINS, Michael D. Tapestry of the Gods, Vol. II. Apêndice III. Disponível no site: www.makara.us.